segunda-feira, 17 de março de 2008

Polícia pede legalização de todas as drogas


Um dos principais responsáveis da polícia britânica defendeu que a legalização de todas as drogas é a única forma de vencer a batalha contra o tráfico de estupefacientes. Segundo noticia o jornal The Independent, Richard Brunstrom, chefe das forças de segurança do norte de Gales, vai enviar um relatório ao ministro do Interior do Reino Unido dando conta da posição que defende.

O jornal britânico refere que neste documento é realçado que o número de consumidores e de delitos relacionados com o tráfico dispararam e que os estupefacientes são mais baratos e abundantes do que nunca.

«Se as políticas sobre drogas, no futuro, devem ser pragmáticas e não moralistas, motivadas pela ética e não pelo dogmatismo, então a actual estratégia proibicionista terá de ser abandonada, tanto por ser inoperante como por ser imoral, e substituída por um sistema unificado, baseado na evidência (que inclua de forma especial o tabaco e o álcool) e que se centre na minimização do dano que sofre a sociedade», refere o responsável no documento, citado pelo jornal britânico.

No entanto, esta posição parece longe da advogada pelo primeiro-ministro, Gordon Brown, que disse já anteriormente, no seio do seu partido, que apesar de a batalha contra o tráfico ser uma prioridade, a estratégia que defende não passa pela legalização. «Enviaremos uma mensagem muito clara de que as drogas nunca vão ser despenalizadas».

No outro lado do espectro político britânico, os conservadores também não estão convencidos que a legalização seja o caminho mais eficaz a seguir, preferindo acentuar a necessidade de reforçar a vigilância policial das fronteiras e alargar a rede dos centros de desintoxicação no Reino Unido.



Portugal Diário

Afinação cerebral


Extraído da maconha, canabidiol age contra ansiedade e outros distúrbios mentais
© Franz Eugen Köhler
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A Cannabis sativa em desenho de 2887 de Franz Eugen Köhler: utilizada há 6 anos

Em um laboratório excepcionalmente amplo do segundo andar de um casarão de estilo neoclássico pintado de ocre, de cujas janelas se pode apreciar o jardim repleto de árvores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, novos estudos fundamentam os potenciais usos médicos do canabidiol, uma das substâncias mais abundantes de uma planta que desperta paixões, delírios doces ou tristes recordações, críticas enfurecidas e, nos últimos tempos, um crescente interesse científico: a maconha. Como demonstrado por meio de experimentos com animais realizados pela equipe de Francisco Guimarães, o canabidiol detém a ansiedade de modo equivalente a medicamentos sintéticos utilizados há décadas e, de acordo com os resultados preliminares de um dos estudos em andamento, pode também reduzir a depressão. Como outros estudos haviam indicado, o canabidiol pode funcionar também contra leucemia, epilepsia e doenças neurodegenerativas como o mal de Alzheimer.

Em outro laboratório da USP de Ribeirão Preto, no quarto andar do Hospital das Clínicas, atrás do casarão que já foi a sede de uma fazenda de café, Antonio Zuardi encontrou evidências de que esse composto pode funcionar também como antipsicótico e aplacar os sintomas mais graves da esquizofrenia, como os delírios e a dificuldade de reconhecer o próprio corpo. Zuardi deve começar neste mês os testes em portadores de transtorno bipolar do humor, antes chamado de psicose maníaco-depressiva, já que o canabidiol poderia atuar contra a intensa aceleração do pensamento e outros sintomas psicóticos que acompanham esse tipo de distúrbio mental.

Em paralelo, pesquisas realizadas principalmente nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Austrália mostram que o canabidiol pode proteger o sistema nervoso central, ampliando a sobrevida de neurônios, além de ajudar a deter inflamações e a controlar a pressão arterial. Há indicações de que o canabidiol possa ainda bloquear o crescimento de tumores no cérebro, abrindo perspectivas de que esse composto químico – que nada tem a ver com os efeitos típicos da maconha – possa ser utilizado sozinho ou em combinação com o mais estudado dos constituintes da famosa planta, o delta-9-tetraidrocanabinol ou, para encurtar, THC.

Igualmente versátil, mas com alguns efeitos colaterais que poderiam ser amenizados pelo canabidiol, o THC já é a base de dois medicamentos, um nos Estados Unidos e outro no Reino Unido, ambos indicados para conter a náusea e o vômito do tratamento quimioterápico contra o câncer. Os franceses, observando um dos fenômenos resultantes do consumo da Cannabis sativa – a fome intensa, chamada de larica por quem tem alguma familiaridade com a planta –, criaram uma categoria de medicamentos que bloqueia as moléculas de superfície nas quais o THC se liga, ajudando assim as pessoas a perder peso, de acordo com os testes já feitos. A GW Pharmaceuticals, sediada na Inglaterra, combinou o canabidiol e o THC em proporções iguais em um medicamento aprovado no Canadá em 2005 contra dores resultantes da esclerose múltipla.

Os artigos científicos que relatam os efeitos do canabidiol e do THC, fundamentando o desenvolvimento de novos medicamentos, inevitavelmente remetem às pesquisas pioneiras que começaram a ser feitas há 30 anos por uma equipe da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) coordenada pelo professor Elisaldo Carlini, da qual Zuardi fez parte. As descobertas têm aumentado o conhecimento sobre a planta também chamada de erva-do-diabo em razão de seu poder entorpecente: trata-se, afinal, da droga ilícita mais consumida no mundo. Segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), 6,9% da população brasileira já utilizou a maconha pelo menos uma vez na vida – um resultado abaixo dos Estados Unidos (34,2%), do Reino Unido (25%) ou do Chile (19,7%). Seu impacto social, no entanto, pode não ser tão intenso quanto se imagina. De acordo com o Cebrid, o número de dependentes atingiria 1% da população do país, o equivalente a cerca de 450 mil pessoas. Das 55 mil internações hospitalares causadas por drogas registradas em 2005, apenas 1,3% estavam associadas à maconha e 90% ao álcool.


pesquisa fapesp


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

VIENA 2008: DEZ ANOS DEPOIS


Em junho de 1998, as Nações Unidas anunciaram uma estratégia a 10 anos para alcançar "resultados concretos" na luta contra as drogas, incluindo uma "significativa redução" do cultivo de cannabis, coca e ópio para o ano 2008.

No dia 10 de março de 2008, a Comissão de Estupefacientes das Nações Unidas irá se reunir em Viena para analisar os resultados desta estratégia.

Novamente nos últimos 10 anos, a Guerra às Drogas fracassou. O consumo de drogas pode causar problemas, mas a proibição das drogas causa desastres. Milhões de pessoas são criminalizadas, gastam-se biliões de euros em uma guerra ineficaz e contraproducente.

Os governos resistem aos esforços para reduzir danos e promover o uso de drogas responsável. E o mercado das drogas permanece em mãos do crime organizado cujos enormes benefícios distorcem a economia global e geram corrupção por todas partes.

As políticas de drogas devem ser um assunto de saúde pública, não de segurança. Solicitamos à ONU que se estabeleça o direito de todo cidadão adulto do mundo a cultivar e possuir plantas naturais para uso pessoal e não comercial, usando toda equipe técnica que exista para isso. Ao mesmo tempo, se deveria permitir que países autônomos experimentem políticas não baseadas em um regime proibicionista.

Viena 2008 é a oportunidade de enviar esta urgente mensagem às nações Unidas. Por favor junta-te a nós em Viena.

Programa

Sexta-feira 7 de março de 2008

14.00 Reunião na Ernst Kirchweger Haus (EKH), Wielandgasse 2-4 1100 Viena (U1 Keplerplatz)

17.00 Marcha pela Paz de Drogas de PRATERSTERN (U1, S1/2) ao Vienna International Centre

19.00 Volta pela Paz de Drogas com bicicletas e você patine sobre rodas

21.00 Festa na ARENA, Baumgasse 80, 1030 Viena (U3 Erdberg)

Sábado 8 de março de 2008: Conferência de Paz de Drogas

na Altes AKH, Hof 2, Hörsaal C1, Spitalgasse 2, 1090 Viena (U2 Schottentor, U6 Alserstrasse, Bonde 43,44)

Entrada gratuita

14.00 – 16.00 A proibição de drogas uma mentira conveniente

Peter Webster (EUA/a França)

16.00 – 18.00 Os efeitos das drogas sobre o cérebro

DI Peter Rausch (Austria) - Jochen Gartz (Alemanha)

18.00 Jantar

19.00 – 21.00 Plantas e políticas

Beatriz Negrety Condori (Bolivia) - Virginia Montañes (Espanha) - Joep Oomen (Países Baixos)

21.00 – 24.00 Concerto para a paz das drogas

Alex (Áustria) - Peppe Voltarelli (Itália) e..

Domingo 9 de março de 2008

10.00 – 12.00 Cannabis – medicina para pessoas e sociedade

Dr Kurt Blaas (Austria) - Martin Barriuso (Espanha)

12.00 – 14.00 Uma luta contra as raças, as classes e as drogas

Clifford Thornton (EEUU) - Raimondo Pavarin (Italia)

14.00 Almoço

15.00 – 17.00 Ibogaína - uma terapia baixo ameaça da proibição.

Dana Beal (EUA) - Jacques de Schryver (França) - Boaz Wachtel (Israel) - Patrick Venulejo, (República Checa)

17.00 – 19.00 Microfones abertos

19.00 : FILM WAR ON DRUGS

A Guerra contra as Drogas deve terminar. Ajuda-nos a declarar a paz

European Coalition for Just and Effective Drug Policies
Lange Lozanastraat 14
B - 2018 Antwerpen
Tel: +32 (0)495 122 644
E-mail: info@encod.org
www.encod.org

Em 2003, ENCOD organizou um evento similar em Viena.

Spannabis 2008 - Cannabis Expo - 22 - 24 Fevereiro 2008

QUARTA EDIÇÃO
SPANNABIS EXPO


Têm parecido um sonho mas é realidade. SPANNABIS chegou a sua quarta manifestação, finalmente consolidou o mais importantes evento de Cannabis na Europa com a feira Expocannabis .

Ser pioneiro é sempre arriscado e facilmente se torna uma luta.

Image



LOCALIZAÇÃO
Fira de Cornellá, Barcelona (Spain)
DATAS
February 22, 23 & 24 2008
ABERTURA DE PORTAS
das 11,00 h. até 20,30 h.
BILHETES
13€ (IVA incluído)
IMPORTANTE
Apenas adultos com mais de 18 anos

Mais informações visita;
http://www.spannabis.com

domingo, 30 de setembro de 2007

Estudo revela que doses iguais de droga em pessoas diferentes provocam reacções diversas

O presidente da Associação Portuguesa da Medicina de Adição, Margalho Carrilho, destacou hoje a importância de exames médicos psicomotores para detectar o efeito de substâncias psicotrópicas nos condutores, uma vez que doses iguais em pessoas diferentes provocam reacções diversas.


Em declarações à Agência Lusa, Margalho Carrilho lembrou "que no caso da droga, quando comparado com o consumo de álcool, é ainda mais difícil determinar o aspecto dose/efeito nas perturbações psicomotoras na segurança rodoviária".

"Há uma grande variabilidade individual nos efeitos do consumo, a mesma dose da mesma droga pode limitar em diferentes graus. Os efeitos dependem de se se trata de um consumidor habitual ou ocasional. Num exemplo muito grosseiro, uma pessoa que fume pela primeira vez um charro (de haxixe) terá uma resposta diferente daquela que tem um consumidor habitual ou um dependente, que tem uma taxa de tolerância elevada", referiu.

Para o presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal, Duarte Nuno Vieira, "a lei condena a condução sob influência de determinada substância. O que se está a condenar é a introdução de um risco na condução, independentemente da pessoa estar afectada ou não", referiu.

"É diferente conduzir a 120 km/hora (máximo de velocidade estipulado por lei) num Fiat600 com 20 anos ou num BMW série 7, mas a lei não pode atender a cada caso individualmente", acrescentou o responsável do INML.

No caso específico do álcool, o responsável recordou que a lei estabeleceu um limite de 0,5 porque os estudos demonstraram que a partir desta taxa de álcool no sangue duplica a probabilidade de um condutor ter ou causar um acidente em relação a um indivíduo que não ingeriu qualquer bebida.

"A lei tem que estabelecer uma regra geral e uniforme. O que a lei condena é que um indivíduo não deve conduzir sobre o efeito da droga, porque se sabe que a presença de drogas pode afectar, afectará seguramente mais uns que outros, mas a lei não pode atender a cada caso individualizado. Quem conduz sabe que não deve beber e não deve consumir drogas porque introduz um risco", resumiu.

O regulamento, publicado segunda-feira, prevê que sejam aplicadas coimas entre 500 e 2.500 euros no caso de serem detectadas substâncias psicotrópicas no sangue, estando ainda prevista uma pena de prisão até três anos se o condutor colocar em risco a vida de terceiros.

A despistagem de drogas nos condutores é efectuado num primeiro momento pelas forças policiais através de um kit que recolhe saliva. No caso de resultado positivo, são efectuados posteriormente exames de confirmação da presença das substâncias psicotrópicas com análises ao sangue.

Está também previsto um exame médico destinado a avaliar o estado de perturbação provocado por substâncias psicotrópicas que inclui uma observação geral e do estado mental, provas de equilíbrio, de coordenação dos movimentos, oculares, de reflexos e de sensibilidade.

Agentes das brigadas de fiscalização do trânsito não vão autuar condutores

Ordens para ignorar detecção de fármacos

Os agentes das forças de segurança rodoviária têm ordens no sentido de ignorar a presença de medicamentos antidepressivos e de ansiolíticos nos testes à saliva dos condutores, segundo garantiu ontem um responsável do Instituto Nacional de Medicina Legal.

Desde a meia-noite de quarta-feira as brigadas de trânsito fiscalizam não só o consumo de álcool, mas também todas as substâncias psicotrópicas que afectem a condução. Apesar de os kits de despistagem de drogas distribuídos aos agentes detectarem a presença de benzodiazepinas, substâncias presentes em vários medicamentos, Mário Dias garante que “para a polícia a presença daquela substância é irrelevante”.
O responsável explicou que os kits, “fabricados a nível mundial”, foram escolhidos por “questões económicas e práticas”, uma vez que são de fácil manuseamento, leitura e interpretação, mas os agentes estão apenas preocupados com a detecção de quatro grupos de substâncias: anfetaminas e metanfetaminas, opiáceos, cocaína e cannabis.
Na base da decisão está a inexistência de uma tabela que permita perceber se os níveis de benzodiazepinas encontrados podem afectar a condução segura. “Era preciso ter muita cautela na detecção de medicamentos, porque se as restantes substâncias são ilícitas e a sua detecção não é problemática, com os fármacos é uma situação diferente”, afirmou.
O responsável admite que as benzodiazepinas possam ser fiscalizadas, quando forem encontrados critérios que permitam incluir medicamentos na lista. Mário Dias lembrou “é preciso balizar critérios e encontrar dados consolidados”.

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Medicação
Condução perigosa
A especialista do INML Helena Teixeira explicou a introdução de benzodiazepinas na lei para “precaver as situações de automobilistas que associam medicamentos e álcool”. A toxicologista reconheceu também que “a condução de uma pessoa que suprime a toma de um medicamento a que está muito habituada é perigosa”.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

É urgente reclassificar as drogas, diz a Lancet


A revista britânica considerada uma das referências mundiais da medicina, The Lancet, publicou na última edição um estudo que defende novos critérios para a a classificação das drogas. O professor David Nutt, da Universidade de Bristol e autor deste estudo, quis saber como os especialistas classificariam vinte drogas diferentes se os critérios fossem três: o dano físico aos utilizadores, o potencial de habituação e o impacto do consumo na sociedade. A conclusão não surpreende os anti-proibicionistas: a canábis é menos nociva do que drogas legais como o álcool e do tabaco.

Analisadas as drogas e dadas as notas por parte de polícias, advogados, psiquiatras, entre outros conhecedores da matéria, a heroína e a cocaína foram consideradas as mais perigosas, seguidas dos barbitúricos, da metadona e do álcool, uma substância legal e tolerada socialmente. Outra droga legal, o tabaco, aparece nesta lista em nono lugar, acima da canábis, que está na 11ª posição e do ecstasy.

De facto, existe uma grande disparidade entre o sistema de classificação de drogas no Reino Unido (as mais perigosas estão na categoria A, as menos na categoria C) e os resultados deste estudo. Tirando a heroína e a cocaína (ambas classificadas pelo governo na categoria A) que aparecem também no topo da lista das mais perigosas na classificação segundo os critérios de Nutt, outras drogas, como o tabaco, o álcool, a ketamina e os solventes (que nem se encontram classificadas na lista governamental) são consideradas mais perigosas do que o LSD, o ecstasy ou a sua variante 4-MTA (todas na categoria A da lista oficial).


As conclusões do estudo apontam para a arbitrariedade completa de se excluir o álcool e o tabaco na lista governamental, ao mesmo tempo que aponta as discrepâncias nas classificações no que diz respeito às drogas psicadélicas. O preconceito deve ser substituído pela transparência e pelo debate racional para que a sociedade se aperceba dos riscos inerentes a utilização de drogas, conclui David Nutt.

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