segunda-feira, 3 de setembro de 2007

É urgente reclassificar as drogas, diz a Lancet


A revista britânica considerada uma das referências mundiais da medicina, The Lancet, publicou na última edição um estudo que defende novos critérios para a a classificação das drogas. O professor David Nutt, da Universidade de Bristol e autor deste estudo, quis saber como os especialistas classificariam vinte drogas diferentes se os critérios fossem três: o dano físico aos utilizadores, o potencial de habituação e o impacto do consumo na sociedade. A conclusão não surpreende os anti-proibicionistas: a canábis é menos nociva do que drogas legais como o álcool e do tabaco.

Analisadas as drogas e dadas as notas por parte de polícias, advogados, psiquiatras, entre outros conhecedores da matéria, a heroína e a cocaína foram consideradas as mais perigosas, seguidas dos barbitúricos, da metadona e do álcool, uma substância legal e tolerada socialmente. Outra droga legal, o tabaco, aparece nesta lista em nono lugar, acima da canábis, que está na 11ª posição e do ecstasy.

De facto, existe uma grande disparidade entre o sistema de classificação de drogas no Reino Unido (as mais perigosas estão na categoria A, as menos na categoria C) e os resultados deste estudo. Tirando a heroína e a cocaína (ambas classificadas pelo governo na categoria A) que aparecem também no topo da lista das mais perigosas na classificação segundo os critérios de Nutt, outras drogas, como o tabaco, o álcool, a ketamina e os solventes (que nem se encontram classificadas na lista governamental) são consideradas mais perigosas do que o LSD, o ecstasy ou a sua variante 4-MTA (todas na categoria A da lista oficial).


As conclusões do estudo apontam para a arbitrariedade completa de se excluir o álcool e o tabaco na lista governamental, ao mesmo tempo que aponta as discrepâncias nas classificações no que diz respeito às drogas psicadélicas. O preconceito deve ser substituído pela transparência e pelo debate racional para que a sociedade se aperceba dos riscos inerentes a utilização de drogas, conclui David Nutt.

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