Ordens para ignorar detecção de fármacos
Os agentes das forças de segurança rodoviária têm ordens no sentido de ignorar a presença de medicamentos antidepressivos e de ansiolíticos nos testes à saliva dos condutores, segundo garantiu ontem um responsável do Instituto Nacional de Medicina Legal.
Desde a meia-noite de quarta-feira as brigadas de trânsito fiscalizam não só o consumo de álcool, mas também todas as substâncias psicotrópicas que afectem a condução. Apesar de os kits de despistagem de drogas distribuídos aos agentes detectarem a presença de benzodiazepinas, substâncias presentes em vários medicamentos, Mário Dias garante que “para a polícia a presença daquela substância é irrelevante”.
O responsável explicou que os kits, “fabricados a nível mundial”, foram escolhidos por “questões económicas e práticas”, uma vez que são de fácil manuseamento, leitura e interpretação, mas os agentes estão apenas preocupados com a detecção de quatro grupos de substâncias: anfetaminas e metanfetaminas, opiáceos, cocaína e cannabis.
Na base da decisão está a inexistência de uma tabela que permita perceber se os níveis de benzodiazepinas encontrados podem afectar a condução segura. “Era preciso ter muita cautela na detecção de medicamentos, porque se as restantes substâncias são ilícitas e a sua detecção não é problemática, com os fármacos é uma situação diferente”, afirmou.
O responsável admite que as benzodiazepinas possam ser fiscalizadas, quando forem encontrados critérios que permitam incluir medicamentos na lista. Mário Dias lembrou “é preciso balizar critérios e encontrar dados consolidados”.
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Medicação
Condução perigosa
A especialista do INML Helena Teixeira explicou a introdução de benzodiazepinas na lei para “precaver as situações de automobilistas que associam medicamentos e álcool”. A toxicologista reconheceu também que “a condução de uma pessoa que suprime a toma de um medicamento a que está muito habituada é perigosa”.
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